O governo do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou nesta segunda-feira (19) que acabará imediatamente com a livre circulação de europeus no país em caso de um Brexit sem acordo no dia 31 de outubro. O anúncio demonstra um endurecimento em comparação com a atitude da ex-premiê Theresa May.
“A livre circulação, como existe atualmente, acabará em 31 de outubro, quando o Reino Unido abandonar a União Europeia (UE)”, indicou uma porta-voz de Downing Street. “Vamos reintroduzir imediatamente regras mais rígidas em termos de criminalidade para as pessoas que entrarem no Reino Unido”, acrescentou.
A associação The3million, que defende os interesses de 3,6 milhões de cidadãos europeus residentes no Reino Unido, reagiu ao anúncio, afirmando no Twitter que a decisão “é irresponsável e abre a porta para uma discriminação generalizada”.
A ex-primeira-ministra Theresa May, substituída por Johnson em 24 de julho, previa um período de transição, inclusive no caso de uma separação brutal com a União Europeia (UE), para permitir que os cidadãos europeus continuassem viajando, trabalhando e estudando no Reino Unido sem necessidade de trâmites.
Imigração preferencial
No início de agosto, Boris Johnson havia anunciado um projeto acelerado de entrega de vistos para atrair “os melhores cérebros” e permitir que o Reino Unido “permaneça uma superpotência científica” depois do Brexit.
A livre circulação de pessoas permite aos cidadãos da UE viajar e viver livremente em qualquer país-membro. É uma das quatro liberdades fundamentais do mercado único, juntamente com a livre circulação de capitais, bens e serviços.
Pressão sobre a UE
O primeiro-ministro Boris Johnson também fez um apelo nesta segunda-feira para que a Alemanha e a França “abram caminho para um compromisso sobre o Brexit”, ressaltando que o Reino Unido estava “pronto para deixar a UE sem acordo”.
“Claro que nossos amigos e parceiros estão um pouco reticentes quanto a mudar de atitude. Pois bem. Estou convencido de que eles vão fazer isso”, disse Johnson. “Eles viram que o Parlamento britânico rejeitou três vezes o acordo, que o ‘backstop’ não funciona, que não é democrático.”
Em Bruxelas, a Comissão Europeia estima, no entanto, que Londres teria muito mais a perder. De acordo com um relatório governamental sobre as consequências de um Brexit sem acordo, publicado no domingo (18) pelo Sunday Times, o Reino Unido poderia se confrontar com falta de alimentos, gasolina e medicamentos em decorrência do bloqueio dos portos e com uma fronteira física na Irlanda.
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